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COMO NASCERAM OS COMANDOS EM PORTUGAL

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Mensagem  PEREIRA GARCEZ Sex Set 24, 2010 12:42 pm

Os Comandos nasceram no Exército Português como forças especiais de contraguerrilha. A sua criação correspondeu à necessidade de o exército dispor de unidades especialmente adaptadas ao tipo de guerra que, em 1961, começou em Angola e que, depois, se estendeu à Guiné e a Moçambique, nomeadamente com capacidade para:
- realizar acções especiais em território português ou no estrangeiro;
- combater como tropas de infantaria de assalto;
- dotar os altos comandos políticos e militares de uma força capaz de realizar operações irregulares.
O primeiro objectivo que se pretendeu atingir foi o de constituir uma tropa especialmente preparada para as operações de contraguerrilha, mas os comandos portugueses participaram também em operações irregulares, com unidades especialmente organizadas para cada uma delas, e em operações de assalto, de características de guerra convencional, como aconteceu por vezes nos últimos anos de guerra, chegando a actuar com efectivos superiores a um batalhão, apoiados por artilharia e aviação.
A história dos comandos portugueses começou em 25 de Junho de 1962, quando, em Zemba, no Norte de Angola, foram constituídos os primeiros seis grupos daqueles que seriam os antecessores dos comandos. Para a preparação destes grupos foi criado o CI 21 - Centro de Instrução de Contraguerrilha, que funcionou junto do Batalhão de Caçadores 280, comandado pelo tenente-coronel Nave, e que teve como instrutor o fotógrafo e antigo sargento da Legião Estrangeira, o italiano Dante Vachi, com experiência das guerras da Argélia e da Indochina.
Os seis grupos preparados neste centro obtiveram excelentes resultados operacionais. Contudo, o comando militar em Angola decidiu reequacionar a instrução e a integração destas unidades na orgânica do Exército em 1963 e 1964, foram criados os Centros de Instrução 16 e 25 (CI 16 e CI 25), na Quibala (Angola). Surgiu então, pela primeira vez, a designação de comandos para as tropas aqui instruídas.
Em 13 de Fevereiro de 1964, iniciou-se na Namaacha (Lourenço Marques) o I Curso de Comandos de Moçambique e em 23 de Julho do mesmo ano, em Brá (Bissau), o I Curso de Comandos da Guiné.
Instrução - aquilo que distingue os comandos: Em Portugal, os comandos nasceram na guerra e para fazer a guerra. A instrução tinha o objectivo de prepará-los e obedecia a duas características - a prática e o realismo -, assentando em duas vertentes - a técnica de combate e a preparação psicológica. Tudo isto tendo por base a selecção física e psíquica com padrões elevados, embora tivessem decrescido com o desenrolar da guerra.
A preparação psicológica para a guerra foi talvez o aspecto que mais distinguiu os comandos. O seu objectivo era transformar o homem em militar autodisciplinado, competente e eficaz em combate, apto a lutar em quaisquer situações e condições.
A componente psicológica era, porventura, a mais marcante da instrução, no pressuposto de que a sua principal arma era a própria vontade.
Para apurar o domínio da vontade sobre todos os instintos, a dureza física da instrução dos comandos atingia os limites das capacidades de resistência dos candidatos, pretendendo fazer de cada um o dono da sua vontade.
"Face ao risco, em contacto com mais dantescos espectáculos, em luta constante com o instinto na procura de sobrevivência, no angustioso desalento da fadiga, só uma vontade assente em poderosa envergadura moral pode resistir, vencendo. E só aqui se encontra efectivamente o homem que, senhor absoluto de uma vontade, pode, em imperativos de consciência, vergar e dominar a força de um instinto" (Panfleto de Acção Psicológica do Centro de Instrução de Comandos de Angola).
Organização: Na sua primeira fase, os comandos organizaram-se em grupos independentes a partir de voluntários dos batalhões de caçadores, constituindo as suas unidades de intervenção. O sucesso destes grupos fez com que rapidamente passassem a ser utilizados à ordem dos comandantes-chefes e comandantes militares para a realização de operações especiais.
Organização dos grupos (tipo):
- Uma equipa de comando (um oficial, um radiotelegrafista, um auxiliar de enfermeiro-socorrista, dois atiradores);
- Três equipas de manobra (um sargento, quatro atiradores);
- Uma equipa de apoio (um sargento, um apontador de lança-foguetes, um municiador, dois atiradores).
Esta organização de um grupo a cinco equipas e cada equipa a cinco elementos sofreu adaptações, mas a célula-base, a equipa de cinco elementos, manteve-se durante toda a guerra.
O evoluir da guerra revelou a necessidade de maiores efectivos e de unidades autónomas, com capacidade para operar durante períodos mais longos e de se auto-sustentarem, razões que levaram à constituição de companhias de comandos. A primeira foi formada em Angola e a sua instrução teve início em Setembro de 1964. O seu comandante, o capitão Albuquerque Gonçalves, recebeu o guião da unidade em 5 de Fevereiro de 1965. A segunda companhia teve como destino Moçambique, comandada pelo capitão Jaime Neves.
A organização e os princípios organizativos dos comandos portugueses, inspirados na Legião Estrangeira Francesa e nos pára-comandos Belgas, fundam-se em grande mobilidade e criatividade e em técnicas de combate para a contraguerrilha, muito bem definidas e capazes de suportar a inovação permanente.
A composição e a organização das companhias de comandos foram sempre adaptadas às circunstâncias e às situações, embora ao longo da guerra seja possível verificar dois modelos principais, que deram origem ao que se pode designar por companhias ligeiras e companhias pesadas.
As primeiras eram constituídas por quatro grupos de comandos, cada um com quatro subgrupos, com um efectivo de combatentes de 80 homens e reduzida componente de apoio de serviços. Estas companhias dispunham de pequena capacidade para se manter, de forma autónoma, durante longos períodos de tempo, pois destinavam-se a servir de reforço temporário a unidades em quadrícula, como forças de intervenção, e receberiam dessas os apoios necessários. Nestas companhias privilegiava-se a mobilidade e a flexibilidade de utilização, inicialmente empregues na Guiné e em Moçambique.
As companhias pesadas tinham cinco grupos de comandos a cinco equipas, num total de combatentes de 125 homens, aos quais se juntava uma formação de pessoal de serviços de cerca de 80 efectivos, com médico, pessoal de comunicações, transportes, alimentação e enfermagem.
Outro tipo de organização foi ainda adaptado paras as companhias de comandos africanos, constituídas na Guiné e dotadas de militares metropolitanos à medida das necessidades, um pouco à semelhança do que as forças especiais americanas faziam no Vietname com os "advisers".
O evoluir da guerra, a necessidade que passou a existir de combater em unidades de elevados efectivos na Guiné e em Moçambique e de, por vezes em simultâneo, realizar acções especiais e irregulares, levou a que se criassem batalhões de comandos naqueles dois teatros de operações. Esta função de unidade-mãe foi, em Angola e desde a sua fundação, desempenhada pelo Centro de Instrução de Comandos, que precisou também de se adaptar, separando a actividade de instrução e reunindo as unidades operacionais num aquartelamento no Campo Militar do Grafanil, perto de Luanda, embora sem nunca ter autonomizado por completo o emprego operacional sob um comando específico.
Como grandes unidades de comandos foram constituídos o Centro de Instrução de Comandos, de Angola, o Batalhão de Comandos da Guiné e o Batalhão de Comandos de Moçambique.
Embora o Centro de Instrução de Comandos de Angola fosse a casa-mãe e tenha sido nesse centro que se formou o núcleo principal da doutrina de emprego e da mística dos comandos da Guiné, também em Portugal foi criado um centro de comandos no Centro de Operações Especiais, em Lamego, que instruiu unidades mobilizadas para a Guiné e Moçambique.
Na sua história, os comandos foram formados em Zemba (Angola) a partir de 25 de Junho de 1962, em Quibala (Angola) desde 30 de Junho de 1963, em Namaacha (Moçambique) desde 13 de Fevereiro de 1964, em Brá (Guiné) desde 23 de Julho de 1964, em Luanda (Angola) a partir de 29 de Junho de 1965, em Lamego (Portugal) desde 12 de Abril de 1966 e em Montepuez (Moçambique) a partir de 1 de Outubro 1969. Após a guerra Colonial foram formados na Amadora (Portugal) desde 1 de Julho de 1974.
Estatística: Efectivos empenhados pelos comandos portugueses em operações activas: mais de 9000 homens (510 oficiais, 1587 sargentos e 6977 praças), que integraram 61 companhias.
Baixas em Combate:
- 357 mortos;
- 28 desaparecidos;
- 771 feridos.
Os comandos constituíram cerca de um por cento do conjunto de efectivos empenhados em toda a guerra colonial, mas o número dos seus mortos é de cerca de dez por cento do total de baixas; uma percentagem dez vezes superiores à das forças regulares. Também é voz corrente que os comandos terão eliminado mais guerrilheiros e capturado mais armamento do que a restante tropa, e estas características fizeram deles os únicos a ganhar uma aura mística, que se prolongou para além do fim da guerra.
Os militares dos comandos receberam por feitos em combate as seguintes condecorações individuais:
- Ordem Militar da Torre e Espada - 12;
- Medalha de Valor Militar - 23;
- Medalha da Cruz de Guerra - 375.
LEMA: " A Sorte Protege os Audazes", retirado da Eneida, de Virgílio: "Audaces Fortuna Juvat".
Grito de Guerra: "Mama Sumae" - "Aqui Estamos, Prontos Para o Sacrifício!". Grito do bailundo (Homem de uma tribo BANTO do sul do Continente Africano) armado de lança contra o leão no ritual de passagem da adolescência à maturidade.

DIA DOS "COMANDOS" - 29 de Junho

Nota ao instruendo:-O pessoal nao usufruira de quaisquer regalia ou gratificaçao especial; sera submetido a
uma vida dura e disciplina rigida e o que terminar a instruçao com aproveitamento tera direito à designaçao
de "COMANDOS" e ao uso de um distintivo proprio.
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PEREIRA GARCEZ

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